sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Miguel Falabella




A Partilha


Enredo:
Após muito tempo afastadas, quatro irmãs se reencontram durante o enterro da mãe, para fazer um levantamento dos bens da família e rediscutir suas próprias vidas. As divergências são inevitáveis, pois elas seguiram caminhos muito diferentes: Selma, a irmã mais conservadora, está casada com um militar e leva uma vida disciplinada na Tijuca; Regina, é liberada, esotérica, não costuma se reprimir e tem uma visão "alto astral" da vida; Lúcia abandonou um casamento convencional e o filho para viver um grande amor em Paris; e Laura, a caçula, revela-se uma intelectual sisuda e surpreende as irmãs com suas opções. Durante o encontro, elas discutem e brigam mas, ao mesmo tempo, relembram os bons tempos passados e descobrem muitas novidades sobre elas mesmas.Vivem intensamente suas afinidades, seus problemas e suas diferenças.
Com argumento simples, a peça se inicia com esse encontro da quatro irmãs. A divisão da herança motiva um mergulho no passado e uma discussão sobre os episódios retidos na memória de cada uma. O conflito, que as diferencia e divide num jogo competitivo que abre espaço à crueldade, permite que ao final se retome a unidade. A sutil separação entre os sentimentos e sua expressão social faz com que a crítica veja no texto de Falabella uma inspiração tchekhoviana. Em A Partilha, o desejo inalcançável das personagens é a recomposição do passado como uma idéia mítica de felicidade, e ele se desvenda através de um humor cruel. A inegável ação do tempo e sua corrosão sobre as emoções humanas são a fonte de dramaticidade. O humor não é o elemento que norteia os diálogos e a ação - em primeiro lugar está a coerência de cada personagem e suas contradições.