Ravenna
I
Há um ano respirei o ar italiano,
E ainda, esta Primavera boreal parece-me ser límpido
E estes campos feitos dourados como a flor de março
E pássaros a cantar no lariço repleto de plumas,
Sonoras gralhas-calvas e rolinhas irrequietas:
Pequeninas nuvens a percorrer o éter;
E a formosa copa gentil desfalecida da violeta,
A prímula, empalidecida por um desconfortável amor
A rosa que rebenta no arbusto espinhoso
Um leito de açafrão (que mais parece uma lua em chamas
Encerrada em uma aliança púrpura);
E todas as flores de nossa Primavera Inglesa,
Carinhoso Galanthus, o narciso de brilho estelar.
Lá no alto começa a travessura ladeando o tear murmurante,
E dilacera as teias da tristeza;
E desce esse rio, feito uma chama azul,
Audaz como uma flecha que voa o oceano-rei
Enquanto o pintarroxo canta na floresta frondosa.
Um ano atrás – parece pouco
Desde a última vez que vi o nobre clima do sul,
Onde a flor e o fruto se enobrecem à esplendorosa lufada,
E como lâmpadas luminosas as maçãs de fábulas se acendem.
Cheia de Primavera que estava – pelas vinhas floridas
Em sombrios bosques verde-oliva e nobres florestas de pinheiros
Eu fui até o desejo, onde a mais ardente feliz brisa era doce;
A estrada pálida rangeu sob as patas do meu cavalo,
E meditando no antigo nome de Ravenna,
Eu observei o dia lavrar, sinalizado com as chagas das chamas,
De um céu turquesa para lustrar o ouro que foi formado.
Oh, meu coração ardia com paixões da meninice,
Quando longe através dos campos e ainda mais
Eu vi a Terra Santa ascender óbvia,
Coroada com sua coroa de torres! – Por muito tempo
Galopei, corri no crepúsculo
E outrora passei o carmesim no arrebol da tarde,
E finalmente estava dentro dos muros de Ravenna!