quarta-feira, 30 de março de 2011

John Boyne

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O Menino do Pijama Listrado
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com um frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. 'O menino do pijama listrado' é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
 

Trecho de um diálogo entre Bruno e a criada, Maria.
(…)
“Bem”, disse Bruno, escolhendo cuidadosamente as palavras para não dizer algo que não deveria, “Lembra-se de que pouco tempo depois de virmos para cá eu fiz um balanço no carvalho e caí e machuquei o joelho?”
“Sim”, disse Maria. “Não está doendo de novo, está?”
“Não, não é isso”, disse Bruno. “Mas, quando eu me machuquei, Pavel era o único adulto por perto e ele me trouxe para casa e limpou o corte e o lavou e passou nele o unguento verde, que doeu, mas acho que ajudou a sarar, e depois fez um curativo sobre o ferimento.”
“É o que qualquer pessoa faria por alguém que se machucou”, disse Maria.
“Eu sei”, prosseguiu ele. “Só que naquela ocasião ele me disse que na verdade não era um servente.”
(…)
“Disse que era médico”, respondeu Bruno. “O que me pareceu muito estranho. Ele não é médico, é?”
(…)
“Pavel não é mais um médico, Bruno”, disse Maria, em voz baixa. “Mas ele foi. Em outra vida. Antes de vir para cá.”
(…)